Oi gente, finalmente saiu o terceiro capítulo, espero que gostem...
Nem tudo na vida é dado de bom grado, pra tudo tem que ter
luta, determinação e se bobear com tudo isso ainda falhamos. Demora pra se
conseguir alguma coisa, mas quando ela acontece vale a pena não é? Ou sempre
vai ter um vazio dentro de você, quero dizer aquela vozinha dizendo “você falhou de novo”, frustrante, a
solidão é o maior bem que a gente não precisa conquistar lutando, mas o
problema é que a gente não dá moral pra ela. Solidão não significa estar só
friamente, significa ficar consigo mesmo, e desde quando ficar só consigo mesmo
e seus pensamentos fazendo redemoinhos em meio a sua mente atordoada é ruim?
Minha mãe sempre disse que eu era um bom garoto, mas ai ela
morreu, aquele carro, “Acidente de carro
mata uma mulher e deixa uma criança ferida”, a morte é aquela coisa né?
Aparece do nada, e nos faz perceber que na verdade não temos o controle de
nada, e que a vida é apenas isso, alguma coisa que perde todo o significado
quando passamos de oxigênio para terra e decomposição, isso não é trágico, isso
não é depressivo, é a ordem natural das coisas. E quando ela morreu eu me dei
conta que eu não era tão bom quanto ela dizia, e eu percebi que a morte é tão
injusta, e que não nos dá nem o direito de dizer “não”, ou mesmo despedir. Eu queria ter escrito uma carta, mas foi tudo tão rápido, quem diria que a viagem que começou com chocolates acabaria em morte? “Deus sabe a hora certa”. Me contento com isso, na verdade sei que
é a única coisa que tenho, lembranças, e umas panelas velhas pra lavar.
“Querida mãe,
Você já se foi e eu
ainda lembro-me de nós no balanço, das cosquinhas, de tudo, quando você estava
triste eu via que seu sorriso vinha longo mais falso e isso me cortava o
coração, como qualquer coisa que te fizesse ficar triste. Eu não sei qual o
motivo de eu lhe escrever uma carta que você nem vai ler, talvez por hoje ser o
dia em que você morreu, foi assustador saber que você não ia cuidar mais de mim,
que me deixou sozinho naquele hospital, com aquelas pessoas me olhando com cara
de dó. E onde você estava? Eu senti tanta raiva, mas era raiva de medo, eu não
queria ficar só, mas foi ai que eu percebi que a solidão era a mágica das
coisas. E ai eu comecei a entender, no início foi complicado, eu te visitei uma
ou duas vezes no túmulo? E depois eu percebi que era errado isso, que você
valeria muito mais que meu rancor, que o cara que bateu no carro não tinha
culpa, é aquela história, lugar errado na hora errada. Eu percebi que você era
minha melhor amiga e sem querer eu percebi que eu não tinha nada se não você e
do nada você vai embora?
Injusto isso, mas eu
conheci uma pessoa mãe, sei lá, ela me faz sentir seguro igual eu me sentia com
você. A morte é a única certeza da vida, queria te apresentar ela, uma garota
legal, vamos fazer 1 ano de namoro, vou pedir ela em casamento, porque uma vez
você me disse que quando eu achasse alguém que me fizesse sentir diferente não
devia deixar ela escapar, e você escapou.
Alice é incrível mãe, baixinha
“a gostosa dos olhos verdes e o cabelo estilo sol se pondo”, eu gosto dela, e
sei que é a coisa certa a se fazer, talvez por ter medo de ela ir embora e eu
me sentir tão incompetente quanto eu me senti sem você, eu encontrei ela onde
eu trabalho, começamos a sair, ela é bem divertida, talvez funcione, talvez
seja amor, e se for amor eu não tenho medo, porque eu sei que não vou levar
sozinho esse sentimento que pesa, mas eu sei que vale a pena, e onde quer que
você esteja eu gostaria que você estivesse feliz por mim. Eu estou feliz, ela
me completa, é aquela história yin e yang, isso realmente funciona mãe.
Afinal você está bem? Espero
que esteja, vou te visitar hoje sem falta, talvez leve uma rosa, ou uma
margarida, que é mais alegre, acho que a perda é tão grande mais não se deve
contemplar a perda com tristeza, se houve alguma coisa boa como houve, que elas
permaneçam mesmo que você não esteja aqui.
Vou levar Alice, espero
que você goste dela, porque eu gosto mãe, ela é uma boa garota, do tipo que se
devia apresentar aos pais, mas você não esta aqui, talvez eu conte sua
história. Ela é bem parecida com você na verdade, eu carreguei tudo tão sozinho
e achei a garota perfeita pra dividir comigo toda essa carga, os pais dela
gostam de mim, isso é uma coisa boa, me chamam de filho. Cadê você quando eu
preciso tanto? Esperei você até os nove anos, quando um menino riu da minha
cara e disse que eu não tinha mãe, eu dei uma surra nele, foi bom, descontei a
raiva que eu sentia por não ter você, nele e ai eu parei de te esperar todo dia
pra me fazer cafuné.
Te amo mãe, com
carinho,
Caio”.
- Obrigada por me trazer aqui. – Alice disse chorando feliz,
eu contei sua história mãe, não sei se ela gostou, mas pelo ao menos ela te
conhece agora.
Beijos, Clara
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