segunda-feira, 20 de maio de 2013

Alice do país das maravilhas


Oi gente, finalmente saiu o terceiro capítulo, espero que gostem... 

Nem tudo na vida é dado de bom grado, pra tudo tem que ter luta, determinação e se bobear com tudo isso ainda falhamos. Demora pra se conseguir alguma coisa, mas quando ela acontece vale a pena não é? Ou sempre vai ter um vazio dentro de você, quero dizer aquela vozinha dizendo “você falhou de novo”, frustrante, a solidão é o maior bem que a gente não precisa conquistar lutando, mas o problema é que a gente não dá moral pra ela. Solidão não significa estar só friamente, significa ficar consigo mesmo, e desde quando ficar só consigo mesmo e seus pensamentos fazendo redemoinhos em meio a sua mente atordoada é ruim?
Minha mãe sempre disse que eu era um bom garoto, mas ai ela morreu, aquele carro, “Acidente de carro mata uma mulher e deixa uma criança ferida”, a morte é aquela coisa né? Aparece do nada, e nos faz perceber que na verdade não temos o controle de nada, e que a vida é apenas isso, alguma coisa que perde todo o significado quando passamos de oxigênio para terra e decomposição, isso não é trágico, isso não é depressivo, é a ordem natural das coisas. E quando ela morreu eu me dei conta que eu não era tão bom quanto ela dizia, e eu percebi que a morte é tão injusta, e que não nos dá nem o direito de dizer “não”, ou mesmo despedir. Eu queria ter escrito uma carta, mas foi tudo tão rápido, quem diria que a viagem que começou com chocolates acabaria em morte? “Deus sabe a hora certa”. Me contento com isso, na verdade sei que é a única coisa que tenho, lembranças, e umas panelas velhas pra lavar.
“Querida mãe,
Você já se foi e eu ainda lembro-me de nós no balanço, das cosquinhas, de tudo, quando você estava triste eu via que seu sorriso vinha longo mais falso e isso me cortava o coração, como qualquer coisa que te fizesse ficar triste. Eu não sei qual o motivo de eu lhe escrever uma carta que você nem vai ler, talvez por hoje ser o dia em que você morreu, foi assustador saber que você não ia cuidar mais de mim, que me deixou sozinho naquele hospital, com aquelas pessoas me olhando com cara de dó. E onde você estava? Eu senti tanta raiva, mas era raiva de medo, eu não queria ficar só, mas foi ai que eu percebi que a solidão era a mágica das coisas. E ai eu comecei a entender, no início foi complicado, eu te visitei uma ou duas vezes no túmulo? E depois eu percebi que era errado isso, que você valeria muito mais que meu rancor, que o cara que bateu no carro não tinha culpa, é aquela história, lugar errado na hora errada. Eu percebi que você era minha melhor amiga e sem querer eu percebi que eu não tinha nada se não você e do nada você vai embora?
Injusto isso, mas eu conheci uma pessoa mãe, sei lá, ela me faz sentir seguro igual eu me sentia com você. A morte é a única certeza da vida, queria te apresentar ela, uma garota legal, vamos fazer 1 ano de namoro, vou pedir ela em casamento, porque uma vez você me disse que quando eu achasse alguém que me fizesse sentir diferente não devia deixar ela escapar, e você escapou.
Alice é incrível mãe, baixinha “a gostosa dos olhos verdes e o cabelo estilo sol se pondo”, eu gosto dela, e sei que é a coisa certa a se fazer, talvez por ter medo de ela ir embora e eu me sentir tão incompetente quanto eu me senti sem você, eu encontrei ela onde eu trabalho, começamos a sair, ela é bem divertida, talvez funcione, talvez seja amor, e se for amor eu não tenho medo, porque eu sei que não vou levar sozinho esse sentimento que pesa, mas eu sei que vale a pena, e onde quer que você esteja eu gostaria que você estivesse feliz por mim. Eu estou feliz, ela me completa, é aquela história yin e yang, isso realmente funciona mãe.
Afinal você está bem? Espero que esteja, vou te visitar hoje sem falta, talvez leve uma rosa, ou uma margarida, que é mais alegre, acho que a perda é tão grande mais não se deve contemplar a perda com tristeza, se houve alguma coisa boa como houve, que elas permaneçam mesmo que você não esteja aqui.
Vou levar Alice, espero que você goste dela, porque eu gosto mãe, ela é uma boa garota, do tipo que se devia apresentar aos pais, mas você não esta aqui, talvez eu conte sua história. Ela é bem parecida com você na verdade, eu carreguei tudo tão sozinho e achei a garota perfeita pra dividir comigo toda essa carga, os pais dela gostam de mim, isso é uma coisa boa, me chamam de filho. Cadê você quando eu preciso tanto? Esperei você até os nove anos, quando um menino riu da minha cara e disse que eu não tinha mãe, eu dei uma surra nele, foi bom, descontei a raiva que eu sentia por não ter você, nele e ai eu parei de te esperar todo dia pra me fazer cafuné.
Te amo mãe, com carinho,
Caio”.
- Obrigada por me trazer aqui. – Alice disse chorando feliz, eu contei sua história mãe, não sei se ela gostou, mas pelo ao menos ela te conhece agora. 

Beijos, Clara

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